
Os satélites estudados, desenvolvidos e construídos por organismos
tecnológicos e científicos internacionais criados e mantidos por
Amadores de Rádio, são uma parte essencial do Serviço de Satélites de
Amador (tal qual é definido e reconhecido pela UIT e pelas
administrações de radiocomunicações dos estados membros das Nações
Unidas). As comunicações aeroespaciais são uma das áreas com mais
futuro na exploração do espaço e das radiocomunicações. São o sector
que os amadores em Portugal menos tem vindo a praticar e desenvolver,
porque no geral, as pessoas com menos qualificação tecnológica
consideram que as comunicações de rádio se fazem nas frequências abaixo
de 30 MHz. Gerou-se uma crença (errada) de que, explorar satélites de
amador, é uma operação complexa em termos de meios e de conhecimentos
radioeléctricos, o que não é necessariamente verdade.
Existem satélites que podem ser operados sem ter de se
estudar a sua exploração durante meses a fio, e muito menos, sem ter de
se dispor de sofisticados equipamentos de rádio e antenas.
É muito provável que na sua maioria, em cada uma das actuais estações
de amador, possam existir equipamentos e meios técnicos suficientes
para se operar um satélite de amador, de forma a que qualquer um se
possa iniciar neste interessante campo da Rádio e das comunicações
aeroespaciais.

Fotos AMSAT
Fotografias
relativas à integração técnica do satélite OSCAR-7, desenvolvido e
fabricado por Amadores de Rádio membros da AMSAT no ano de 1974. Imagem
da sua instalação e lançamento a bordo de um foguete da NASA.
Este documento contém um conjunto de questões e respostas,
susceptíveis de elucidarem qualquer um acerca da forma como deverá
proceder para se equipar e explorar as comunicações através de
satélites. O objectivo da AMSAT-CT é proporcionar a difusão e
tradução para o mundo português, através da adaptação de diversos
documentos originais criados em todo o mundo pela estrutura da AMSAT Amateur Radio Satellite Corporation da qual a AMRAD é, através da secção AMSAT-CT,
delegação portuguesa, criando um espaço associativo a partir da qual se
terão melhores possibilidades de inteirar e partilhar tecnologias
essenciais à exploração destes e outros domínios espaciais e
científicos.
1. Afinal o que é um Satélite ?
Um satélite artificial é um sistema que orbita em torno do nosso
planeta, com uma altitude e velocidade constante. Geralmente os
satélites estão equipados com meios radioeléctricos e são dotados de
energia, dispondo ou não, de um sistema de controlo remoto. O satélite
artificial é um equipamento modular integrado, a voar no espaço
exterior da Terra. O conceito do satélite artificial enquanto veículo
espacial e suporte de uma estrutura receptora e emissora, foi
desenvolvido por Artur C. Clark, um radioamador britânico. A sua
aplicação torna-se realidade quando Sergei Koreleve em 1957, faz o
lançamento para o espaço do Sputnik-1, um satélite composto por um
pequeno emissor de rádio. Em Dezembro de 1961, quatro anos depois, é
lançado no espaço o OSCAR-1, que se torna no primeiro satélite de
amador. Existem satélites que cumprem todas as aplicações necessárias
do ponto de vista técnico e científico, e que podem ou não, ser
repetidores, geradores e transdutores de informação diversa, mas onde
toda a informação tem de ser gerada e processada electronicamente
através das comunicações por meios de Rádio.
2. Como funciona um Satélite?
Na mais corrente das aplicações, quando se emitem sinais na direcção de
um satélite, estes sinais são recebidos pelo receptor do satélite que
os amplifica, converte espectralmente, podendo desmodular ou processar,
quer comandos, quer os sinais terrestres, que os reenvia através da
cadeia emissora do satélite, como sinais destinados a todas as estações
que operarem no mesmo espectro radioeléctrico do satélite. Na mesma
ocasião, em qualquer lugar do mundo que esteja situado no horizonte
artificial do satélite, outro amador ou utilizador, pode receber os
sinais de rádio e responder ao chamador. É assim que se processa uma
retransmissão aeroespacial, ou como em síntese, pode funcionar um
satélite por mais elementar que ele seja.
3. Como se movimentam os satélites através do espaço exterior da Terra ?
Os satélites disponíveis, através dos quais podemos ensaiar as
comunicações efectuadas pelo Serviço de Satélite de Amador, dispõem
basicamente de dois tipos de órbitas terrestres: a circular e a
elíptica.
A órbita circular é efectuada pelos satélites
que orbitam a Terra de forma circular, ou seja, aqueles que mais ou
menos conseguem manter a mesma distância em relação à Terra, entre os
pólos e o equador, com movimento e altitude orbital constantes em
relação à superfície terrestre. Esta é a mais comum e conhecida das
órbitas.
Os satélites que efectuam órbitas elípticas tem
uma característica peculiar porque permanecem a orbitar mais tempo
sobre a mesma localização terrestre, focando o mesmo horizonte
artificial durante várias horas ou dias, pelo facto das suas órbitas
serem bastante mais extensas e longínquas da Terra, quer a partir dos
pólos, quer do equador. Existe um terceiro tipo de órbita, que é
denominada por geo-estacionária, em virtude do satélite acompanhar o
movimento de rotação e permanecer focado no mesmo horizonte terrestre.
4. Qual é a cobertura terrestre de um satélite ?
Tal como os vulgares repetidores de rádio instalados no alto de uma
montanha dispõem de uma maior cobertura em relação ao horizonte e
curvatura da crosta terrestre, também os satélites dispõem de horizonte
artificial que lhes permite grandes áreas de cobertura na chamada linha
de vista radioeléctrica. Os satélites de órbita polar baixa orbitam a
Terra a partir de altitudes variáveis e que geralmente começam em torno
dos 300 km e podem ultrapassar os 2000 km de altitude em relação aos
pólos. Com esta posição orbital, o satélite dispõe de um horizonte
artificial onde é visto, e ilumina em termos radioeléctricos, a mesma
área continental que pode ir de Portugal à América, ou cobrir uma
substancial parte da Europa e da África.
Há quem denomine esta zona iluminada ou cobertura do campo radioeléctrico do satélite, por zona de sombra ou foot print.
Será mais adequado chamar-lhe horizonte artificial do satélite, que é a
área onde qualquer estação terrena pode emitir e receber sinais de um
satélite em termos de rádio-visibilidade. Todas as estações que
simultaneamente se encontram dentro do horizonte artificial do satélite
podem contactar entre si através da retransmissão feita a partir do
próprio satélite. Nas condições orbitais dos satélites polares de baixa
altitude, a duração do período de retransmissão depende da janela do
satélite, que é o tempo da passagem do satélite dentro do referido
horizonte artificial, sendo a velocidade constante em relação à
superfície terrestre. O horizonte é maior quanto mais elevada for a
órbita polar. Nos satélites tudo tende a ser constante no espaço,
incluindo a velocidade que é cerca de 35.000 km/h.
 |
 |
Projecção
terrestre de dois tipos de órbita, na figura da direita um satélite de
órbita elíptica, a imagem da esquerda reporta um satélite de órbita
polar de baixa altitude, em ambos os casos a marcação de cor branca
indica o horizonte artificial ou footprint do satélite, cujo diâmetro
varia com a altitude da órbita e pode ser superior a 5.000 km |
5. Quantas vezes um satélite polar pode passar sobre a mesma localização ?
Qualquer satélite de órbita polar baixa, dentro de um período de 24
horas, passa pelo mesmo lugar cerca de 4 a 6 vezes, sendo a orientação
magnética dessas passagens invertida, em virtude do movimento da
rotação da Terra, dado que o sentido orbital do satélite é constante.
O tempo de duração de cada uma das passagens depende da verticalidade
da órbita em relação à localização terrestre da estação, que pode em
condições médias, oferecer passagens de 10 a 18 minutos cada uma delas,
dependendo da altitude da órbita. No geral, podemos utilizar um
satélite polar de órbita baixa durante mais de 1 hora num dia de
actividade normal. No presente, o Serviço de Satélite de Amador dispõe
de mais de 20 satélites a operar, o que nestas condições, nos facultam
mais de 15 horas diárias de consecutiva operação, feita por satélites e
por serviços diversos.
6. Qual a razão da nova geração de satélites ser de órbita elíptica ?
As facilidades presentes que nos são conferidas pelas tecnologias de
utilização dos satélites de órbita elíptica, oferecem outras
características e potencialidades de exploração. Os satélites de
órbita elíptica dispõem de dois pontos determinantes: durante o
perigeu, eles oferecem as passagens mais próximas da Terra, e durante o
apogeu, permitem tempos de acesso maiores, em virtude das passagens
serem as mais distantes da Terra. A maior facilidade que resulta deste
modelo de órbita, é o facto de que durante o apogeu, o satélite ter um
horizonte artificial máximo sobre a superfície terrestre, dado que
estas distâncias ultrapassam os 45.000 km. Por consequência, o tempo na
duração do horizonte artificial, pode ser superior a 10 horas de
rádio-visibilidade, sobre a mesma localização terrestre.
Tecnicamente, os satélites de órbita elíptica podem ser equivalentes à
criação artifical de qualquer uma das faixas de ondas-curtas. A maior
diferença para o operador de satélites, centra-se no facto de ser quase
imperceptível o efeito de Doppler, porque este efeito ocorre de forma muito acentuada, durante as passagens dos satélites de órbita polar baixa.
O efeito de Doppler
resulta de efeitos da física, produzidas pela velocidade elevada e
constante a que o satélite é sujeito durante a sua rotação orbital. É
um fenómeno de efeitos radioeléctricos, pela variação positiva e
negativa das frequências portadoras, que ocorre em ambos os sentidos,
dos sistemas emissor e receptor do satélite e da estação terrena. Uma
compensação (manual ou automática) é essencial, para uma correcta
sintonia de ambos os sistemas situados dentro do cone de passagem
radioeléctrica do satélite, em relação ao ponto vertical relativo com a
posição terrena da estação de seguimento.
É pois baseado
neste fenómeno físico que hoje funcionam os sistemas GPS, cuja primeira
aplicação foi efectuada através do satélite de amador da AMSAT, o OSCAR
6 durante o ano de 1973. Só depois da descoberta desta aplicação, se
passaram a desenvolver comercialmente qualquer um dos actuais sistemas
de posicionamento global por satélite.
7. A localização orbital do satélite. Quando é que ele passa sobre a minha posição terrestre ?
A previsão das órbitas dos satélites foi no início da exploração
espacial e até aos anos de 1975 um verdadeiro quebra cabeças. Já lá vai
a época da régua de cálculo, então denominada por OSCAR LOCATOR. Mesmo
assim, só depois de 1985 as coisas se tornaram mais simples com a
utilização de máquinas de calcular e da computação simples do XT. Hoje,
qualquer computador AT a operar em MS-DOS e com 20 Mb de disco, pode
instalar um software de cálculo, processar dados e ilustrar mapas
referentes às órbitas de um satélite, incluindo o comando automático de
rotores e correcções de efeito de Dopller.
Entre
as mais populares e acessíveis versões de software recomendamos o
Instant Track para MS-DOS. Esta versão é actual para o terceiro
milénio. Produz imagens gráficas a cores, fornece dados importantes
sobre a passagem vertical, a aproximação e o afastamento da satélite, a
elevação e o azimute, ou a posição vertical do satélite seleccionado,
em qualquer parte da sua órbita. Com a instalação de alguns drivers, ele pode efectuar o comando automático dos rotores e fazer a correcção de efeito de Doppler, bem como a sintonia automática dos sistemas emissor e receptor.
Existem no entanto softwares mais evoluidos e já desenvolvidos para
sistemas operativos actuais, como sejam o Windows 98, 2000, XP,
X-Windows ou MAC OS. Entre eles destacamos o Predict para LINUX que se
baseia numa estrutura principal , o servidor, que efectua todos os
cálculos. Ligados ao servidor, podem estar vários clientes de modo
gráfico que recebem os dados já prontos a mostrar no ecrã de um
computador terminal qualquer. Para MS Windows destacamos o Nova for
Windows que é bastante completo. Permite entre outras coisas, a
actualização dos dados Keplerianos pela Internet, o acerto das horas
por ligação a relógio atómico, o controlo de rotores ou ajuste de
Doppler nos rádios. Permite visualizar o footprint de vários
satélites em simultâneo e fazer a impressão das passagens de satélites
em papel, para ocasiões em que o computador não pode ser utilizado.
8. Na passagem orbital de um satélite, existe uma melhor situação quanto ao ângulo de elevação ?
A melhor situação na passagem de um satélite é a vertical do lugar, o
que raramente ocorre. Nestas condições, o ângulo de elevação terrestre
em relação ao satélite é máximo, ou sejam os 90º de elevação. O cone de
aproximação na passagem vertical e afastamento é máximo, numa órbita
vertical. Mas esta condição não significa que seja a melhor, pois
qualquer órbita pode ser boa, desde que seja superior ao horizonte
artificial de 2º a 4º e seja uma passagem sobre uma localização
desafogada em termos de horizonte, ou seja, sem montanhas e sem prédios
ao redor da estação terrena.
9. A entidade que faculta as informação sobre os Dados de Kepler, essenciais aos cálculos orbitais ?
A NORAD é a entidade que nos Estados Unidos da América do Norte,
efectua o rastreio e as medições de todos os satélites em órbita no
espaço exterior da Terra. São essas informações que nos são depois
fornecidas através de Dados Keplerianos ou de Kepler.
Depois de receber estas informações através da AMSAT e dos seus
organismos representantes, podemos instalar esses dados num computador,
fazer correr num software de cálculos orbitais os elementos neles
contidos.
Estes elementos Keplerianos são
editados em publicações da especialidade, ou existem directamente em
bases de dados disponíveis na Internet. Eles estão disponíveis para a
comunidade de Amadores de Rádio, através da AMSAT e em dois formatos
distintos: NASA ou 2Lines, e AMSAT. No geral, todos os programas de
cálculo, conseguem processar ambas as versões de keps. Leia o artigo editado pela AMSAT-CT, denominado: DADOS KEPLERIANOS.
10. Existem muitos satélites disponíveis para o Serviço de Satélite de Amador ?
Com o começo do novo milénio,
estão disponíveis, no decurso dos anos de 2001 e 2002, mais de 20
satélites, todos eles pertencentes ao Serviço de Satélite de Amador.
Tendo ocorrido ainda um fenómeno único na história aeroespacial, que
foi o ressurgimento em Junho de 2002, do satélite OSCAR-7, um satélite
de amador tecnicamente dado como desaparecido em 1980, fazia mais de 21
anos.
Satélites Operacionais
Analógicos: AO-7, ISS, FO-29,AO-27
Digitais: ISS, UO-22, GO-32, NO-45, MO-46
Satélites Semi-Inoperacionais
Analógicos: RS-15, FO-20,
Digitais: UO-11, AO-16, LO-19, UO-22,
Satélites Inoperacionais
Analógicos: - AO-10, RS-12, RS-13, RS-15, SO-33, SO-41
Digitais: DO-17, WO-18, KO-23, TO-31, PO-34, SO-35, UO-36, AO-40, SO-42, NO-44, AO-49
11. Que tipo de disciplinas ou que actividades se podem encontrar nos satélites de amador ?
Ao longo dos anos, os radioamadores tecnicamente qualificados, e que em
parceria com outros grupos de investigação e desenvolvimento,
nomeadamente as universidades e forças de defesa, têm vindo a
desenvolver e a colocar em serviço diferentes tipos de sistemas,
incluindo satélites dedicados a áreas temáticas diversas.
Designadamente para fins ambientais e educativos.
Ao
contrário da visão consumista, que certa industria e comércio de
materiais de rádio quis transmitir junto do cidadão comum acerca do
Serviço de Amador, este não é, nem nunca foi, uma charada. Tanto mais
que a história e os imperativos suscitados pelas culturas
civilizacionais exigem de todos nós, incluindo dos Amadores da Rádio e
das comunidades científicas e tecnológicas, uma atitude construtiva e
de serviço público, sustentada por organismos sérios e dedicados, que
tem por prioridade, a educação, as culturas de saber e do conhecimento,
o desenvolvimento humano global, em absoluta liberdade e respeito pelos
direitos e deveres comuns das sociedades e das nações. Uma atitude de
clara consciência, uma prioridade sobre o lúdico, desportista e
consumista.
Nestes termos, tem sido a NASA, a ESA e a
Agência Espacial Russa que ao lado de escassos governos de outros
estados membros das Nações Unidas, tem ajudado a comunidade dos
radioamadores a estudar e a desenvolver, construindo e colocando em
órbita da Terra inúmeros satélites de amador. Para o novo milénio e
para este século XXI, estão disponíveis satélites através dos quais se
podem operar todos os serviços ou modos de transmissão actualmente
existentes. São mais os satélites disponíveis do que a qualificação
técnica e a destreza operativa de qualquer um de nós individualmente,
associada com o tempo livre de os poder operar. Podemos operar
satélites a partir da sempre actual telegrafia manual, passando pela
banda lateral única ou dupla, o rádio-teletipo, a televisão de
varrimento lento, o FM, o FSK e todos os elaborados modos de
transmissão digital e vectorial, que nos dão acesso à comunicação
directa individual, à difusão geral, à teledetecção e controlo remoto
de sistemas. Preparam-se os radioamadores, através da AMSAT, para a
navegação e para a viagem espacial. São estes grandes desafios
tecnológicos do futuro e da humanidade.
12. É fácil operar através de um desses satélites de amador ?
A facilidade ou a complexidade na operação de um satélite de amador,
depende obviamente das características técnicas do satélite
seleccionado. Podemos dividir os satélites por serviços analógicos e
digitais, em quatro grupos essenciais, a saber:
a) Satélites de órbita polar de baixa altitude, dedicados a serviços analógicos.
Estes são, aparentemente, os satélites mais acessíveis e fáceis de
operar. Compostos essencialmente por sistemas retransmissores, de banda
estreita, e de banda larga. Os sistemas retransmissores de banda larga
são denominados por transponders lineares, pois são sistemas
lineares, que efectuam a transposição espectral de uma faixa com
determinada largura de banda, para outro espectro ou segmento de banda.
São sistemas que dispõem de uma largura de banda (no caso dos amadores)
de 30, 50 ou 100 KHz. Nas aplicações comerciais eles atingem vários MHz
de largura de banda. Nestas aplicações, um transponder linear
ao invés de efectuar a retransmissão de um canal simples (tipo FM) ou
de uma única transmissão, ele efectua a retransmissão integral de um
espectro sem ser sequer desmodulado. Chama-se uma transposição em banda
base nos casos em que o sinal é recebido por um receptor, tratado a
nível de RF por um sistema de frequência intermédia, é transposto para
outro espectro e amplificado numa cadeia emissora de potência. O sinais
são compostos por múltiplos tipos de emissões diferentes e de banda
estreita, do tipo USB, CW, RTTY, SSTV, FSK BPSK, PSK, onde se podem
incluir emissões ou serviços analógicas e digitais de pequena ocupação
espectral, entre 150 Hz e 3 KHz.
Os sistemas retransmissores de banda estreita são como vulgares repetidores de FM (F3E) ou NBFM.
Eles fazem a repetição de uma emissão em modulação de frequência ou
fase, são desmodulados e retransmitidos através de um canal ou faixa de
áudio, a ser de novo modulada na frequência que se desejar
retransmitir, tal qual é feito num repetidor terrestre.
Estes satélites são muito populares entre os amadores de menos recursos
técnicos. São fáceis de operar e podem até ser compostos por mais de um
receptor de FM, cujos sinais de áudio, uma vez desmodulados, são
misturados ou seleccionados à entrada do modulador comum de um único
emissor destinado ao downlink ou ligação de descida do
satélite. A ocupação espectral recomendada para este tipo de satélites
é de cerca de 5KHz a 12,5 KHz, poucos são os sistemas modernos que
ocupam 25 KHz.
b) Satélites de órbita polar de baixa altitude, dedicados a serviços digitais.
Estes são os satélites de órbita circular polar que operam principalmente packet nas suas diversas modalidades. São o equivalente terrestre a uma BBS de packet.
Nesta ocasião, estão operativos mais do que 10 satélites deste tipo.
Entre estes, contam-se os satélites tradicionais a operarem a 1200 bps,
vulgarmente conhecidos por pacsats. São eles a ISS, UO-14, AMSAT OSCAR
16, o satélite argentino LUSAT o LO-19 e outros referidos na tabela
anterior.
Existem ainda os satélites como UO-22 e KITSAT
OSCAR 25 que também fazem serviço de BBS, mas a operar a velocidades de
9600 bps. Estes satélites foram equipados com sistemas de teledetecção,
incluindo câmaras e sistemas de fotografia, que transmitem para a Terra
imagens sobre a forma digital.
Uma nova geração de
satélites digitais de 9600 bps a operarem em FSK foi lançada no espaço,
entre os quais se incluem os ITAMSAT-A, KITSAT-B, EYESAT-A e ainda o
malogrado satélite português PoSAT-1, que está tecnicamente operativo,
mas ao que se sabe, nem sequer é utilizado por nenhuma entidade
nacional, seja ela militar ou civil, nem para fins educativos ou
científicos. Entre este grupo de satélites, está incluído o UNAMSAT,
que é o primeiro satélite mexicano.
c) Satélites de grande altitude e órbita elíptica, dedicados a serviços analógicos e digitais.
Estes são, conforme referimos, os satélites que melhor nos permitem
efectuar comunicações entre múltiplos continentes. As comunicações
intercontinentais, tal qual se fazem nas faixas de ondas-curtas.
Nestes satélites utilizam-se todos os serviços de banda estreita, quer
sejam serviços analógicos ou digitais.
Os requisitos
técnicos são mais elaborados, nomeadamente os ganhos de conjunto das
antenas, pois as quantidades de energias radioeléctrica em jogo e
necessárias para cobrir tão grandes distâncias, são substancialmente
menores. Aqui jogam-se as melhores aplicações, as melhores e mais
adequadas instalações, os menores factores de ruído térmico de uma
instalação, quer seja de um receptor, de uma antena ou conjunto de
antenas.
Estes são os satélites da Fase 3 que entre eles
se destacam o OSCAR 10, um satélite que faz vários anos, está para
concluir o seu ciclo de vida útil, mas que se mantém resistente e em
funcionamento.
E depois deste, temos o mais o recente de todos eles, o satélite da Fase 3-D, o AO-40 ou OSCAR 40.
d) Estações orbitais ou satélites tripulados.
Por último, as naves espaciais tripuladas: são o caso de sucesso da
Estação Espacial Russa - MIR, a quem prestamos a nossa homenagem, pela
forma inteligente, como foi explorada em termos culturais pela Agência
Espacial Russa, num claro exemplo de múltiplas parcerias e adequadas
partilhas culturais e científicas. Onde os Amadores de Rádio se viram
naturalmente envolvidos durante muitos anos.
A
prosseguir o mesmo espírito de vanguarda, temos hoje a ISS e a ARISS -
Amateur Radio on International Space Station, tal qual tivemos antes o
projecto SAREX e a participação dos amadores em inúmeras missões STS a
bordo do Space Shuttle americano.
Todas estas aeronaves
têm instalados a bordo equipamentos diversos de radiocomunicações nas
faixas de HF, VHF e UHF, meios dedicados ao serviço de amador e com os
quais se partilham imensas experiências em diversos campos científicos,
tecnológicos, culturais, educativos e humanitários.
Actualmente a ISS está operacional nas faixas de amador, através dos
esforços e gestão da ARISS, um esforço institucional, a partir da qual
é possível contactar para fins culturais e educativos, os astronautas e
cosmonautas que nela habitam e trabalham, através de radiocomunicações
directas, efectuadas por diferentes serviços ou modos analógicos e
digitais.
13. Quais são afinal, os modos ou serviços disponíveis nos diversos satélites ?
O termo modo é tido no Serviço de Satélite de Amador como a banda ou faixa de frequências que se utilizam. O modo não é mais do que o tipo de emissão e recepção, que se pode emitir ou receber de um qualquer satélite de amador.
São diversos os tipos de emissão e recepção que podem ser enviados ou
recebidos por um satélite. Pode no entanto parecer complexa a
descrição de cada um dos serviços, vulgarmente usados nestes campos da
experimentação das ciências radioeléctricas.
Num satélite, o modo
significa a identificação da banda que posso utilizar para operar
através do satélite, ou seja, que banda se utiliza na ligação de subida
para o satélite ou uplink, a banda que se usa para emitir, ou a banda
que utiliza na ligação de descida do satélite ou downlink, a banda onde
se recebem os sinais do satélite através da estação terrena.
São os seguintes, os planos de banda ou modos convencionados, para o Serviço de Satélite de Amador:
Modo
|
Uplink
|
Downlink
|
Banda
|
Frequências
|
Banda
|
Frequências
|
A |
2m |
145MHz |
10m |
29MHz |
B |
70cm |
435MHz |
2m |
145MHz |
J |
2m |
145MHz |
70cm |
435MHz |
K |
15m |
21.2MHz |
10m |
29MHz |
L |
23cm |
1.2GHz |
70cm |
435MHz |
S |
70cm |
435MHz |
13cm |
2.4GHz |
T |
15m |
21.2MHz |
2m |
145MHz |
Nos planos de Banda destinados aos satélites de amador, ocorrem
denominações com 2 letras, tais como Modo JA ou Modo JD. Nestas
situações, a forma de operação do satélite deve ser feita para o caso
do Modo JA em modo J em serviço Analógico, e na situação referencia
como Modo JD, opera-se no Modo J em serviço Digital.
Noutras ocasiões, vimos que um determinado satélite opera em modo
composto, como por exemplo Modo KA, isto significa que se pode operar
um Uplink quer na banda dos 15 metros (21.2 MHz) quer na banda dos 2 metros (145 MHz), e que em ambas as ligações se faz o Downlink na banda dos 10 metros (29 MHz).
14. Qual é a potência de emissão requerida para uma ligação através de satélite ?
A operação através de um satélite não requer especificamente o emprego
de potências elevadas, apenas a necessária. Porquanto o emprego de
sistemas lineares de transposição de frequência ou transponders são
fortemente afectados pelo emprego de sinais fortes, que descriminam as
estações com ligações menos estáveis, saturando os andares de saída da
cadeia emissora do satélite e reduzindo substancialmente a potência do
emissor no Downlink. Este é um sintoma evidente de que o PA do satélite está a ser protegido pelo seu sistema de ALC.
Quando
se utilizam sistemas de antenas do tipo YAGI-UDA ou outras antenas
direccionais, não se aconselha a utilizar potências de emissão
superiores a 80 no máximo 100 W.
15. Classificação dos Satélites
O sector industrial da exploração comercial de satélites, está hoje
mais dedicado à colocação de satélites no espaço em órbitas
geo-estacionários, e com massas úteis que podem variar entre 1000 Kg e
mais de 5 toneladas onde se podem incluir as estações orbitais
tripuladas.
Em seguida vamos saber o que significa o
termo de pequeno satélite, e que utilidades se podem conferir à
exploração espacial.
Em muitas outras aplicações, que aliás, estão na origem da própria
exploração espacial, surgem a construção e o lançamento pelos russos e
americanos, dos primeiros satélites como foram o Sputnik, o Explorer e
o Vanguard entre os anos de 1957 e 1961. Neste
concurso, de saber e conhecimentos, estão desde a primeira hora, os
Amadores de Rádio ou radioamadores, como são vulgarmente conhecidos.
A evolução das engenharias aeroespacial e electrónica tem permitido
potenciar e explorar tecnologias alternativas, que permitiram entre
outras, reduzir substancialmente o tamanho e aumentar a eficiência dos
satélites. Estas condições permitem reduzir o tamanho dos satélites de
tal forma que são hoje classificados da seguinte forma:
Grupo do satélite |
Massa do satélite
|
LARGE satellite |
> 1000kg |
|
MEDIUM satellite |
500 a 1000kg |
|
SMALL satellite |
< 500kg |
|
|
MINI |
100 a 200kg |
|
MICRO |
10 a 100kg |
SMALL satellites: |
NANO |
1 a 10kg |
|
PICO |
0,1 a 1kg |
|
FEMTO |
< 100gr |
Nas condições atrás referidas, são
conhecidos e utilizados imensos termos na classificação e definição dos
satélites, entre os quais referimos: Cheapsat e os SmallSat que incorporam os MicroSat, MiniSat, NanoSat, e ainda os PicoSat e FemtoSat, sendo provável que outras classes de satélites venham a ser descobertas e aplicadas.
Todas estas terminologias representam claros conceitos técnicos que são
objectivos, e filosofias de utilização dos próprios satélites, que
estão inseridas em programas de aplicação entre os pequenos e os
grandes satélites.
Algumas entidades designam no seu conjunto como LightSats, os satélites que se inserem nos sistemas de satélites baratos (single purpose inexpensive satellite systems), onde se incluem alguns satélites do serviço de amador e satélites militares tácticos. O conceito do pequeno satélite ou SmallSat
surge assim por duas vias: 1) a possibilidade da miniaturização do
próprio satélite e 2) a possibilidade de o lançar no espaço a partir de
pequenos foguetes lançadores. Estes dois factores conjugam-se num novo
conceito industrial de: rápido a construir, melhor versão da anterior,
pequeno em tamanho e consumo de energia, mais barato na construção e
lançamento.
Não só nos satélites,
bem como em muitas outras aplicações aeroespaciais utilizadas no voo
interior e exterior da Terra, os satélites artificiais inventados pelo
radioamador britânico Sir Arthur C. Clark são uma realidade estrutural.
São parte corrente e estratégica os pequenos satélites, porque nos
permitiram reduzir os custos industriais de construção e lançamento, de
tempo de fabrico e escala de desenvolvimento.
A tecnologia empregue nos satélites pequenos, possibilitam outras
aplicações como a simulação de satélites através do voo passivo de
balões na alta atmosfera terrestre, ou em aeronaves eléctricas
controladas remotamente nos voos atmosféricos acima dos 10.000 metros
de altitude, num espaço onde os aviões convencionais já não podem voar.
Tudo isto nos permite desenvolver aplicações novas e conhecimentos
susceptíveis de nos levarem à moderna exploração do espaço, facilitando
o desenvolvimento tecnológico terrestre, com maior rapidez e rotação na
renovação dos sistemas e utilizações, que permitem novas soluções,
melhorias e inovações constantes.
Neste
domínio os radioamadores integrados na AMSAT e nas associações
confederadas na IARU, tem dado um importante contributo, em termos de
exploração das comunicações aeroespaciais, com novas aplicações no
desenvolvimento das múltiplas tecnologias utilizadas ao longo do vasto
espectro radioeléctrico, dedicado ao serviço de satélite de amador.
A classificação universal de Small Satellite
é utilizada para definir todas as aeronaves em órbita da Terra que
possuam uma massa inferior a 500 quilogramas, entre as quais se
incluem, na generalidade, um grande número dos satélites construídos e
lançados no espaço por organismos de radioamadores, integrados e
parceiros da AMSAT.
Esta inovação da tecnologia integrada permitiu a diversificação e
criação de satélites entre os 100 e 200 kg, assim como mais
oportunidades de desenvolvimento e criação de novos satélites.
16.
Em que organizações eu me devo filiar, com o propósito de prosseguir,
com orientação técnica e enquadramento federativo, as disciplinas e
áreas temáticas do Serviço de Amador e Serviço de Satélite de Amador ?
No sentido geral, o Serviço de Amador atravessa uma grave crise de participação a nível mundial.
A industrialização e comercialização de equipamentos de rádio
destinados a radioamadores, que ocorreu a partir de meados dos anos de
1970, facilitou o acesso massivo a centenas de milhares de pessoas. Na
mesma proporção, e ao arrepio do crescimento e da estruturação, nem os
governos, nem as associações confederadas na IARU, conseguiram
enquadrar e gerir esta imensa massa humana. São hoje às centenas de
milhares os radioamadores sem conhecimentos técnicos, que um pouco por
todo o mundo, utilizam gratuita e impunemente, todos os meios
retransmissores, os satélites e outras facilidades tecnológicas e
estruturais, designadamente os serviços de Bureau e QSL da IARU, sem
que contribuam financeiramente ou estejam sequer filiados e federados
em nenhuma associação de radioamadores.
Parece-nos
absolutamente ignóbil, absolutamente despida de humanidade e de sentido
cívico, esta atitude de directa desresponsabilização dos radioamadores
que infelizmente assim procedem, um pouco por todos os países da
Europa, da América, Ásia, África e Oceânia, um facto que lamentamos
assinalar.
Tem sido investidos pela AMSAT e pelas mais
empenhadas associações de radioamadores da Europa, da América e do
resto do mundo, somas avultadas de dezenas de milhões e milhões de
dólares, algumas vezes apoiados e financiados por diversos governos e
entidades privadas, sem que muitas centenas de milhares de
radioamadores, utilizadores frequentes destes meios técnicos de
excepção, se disponham a estar filiados e a contribuir, para tais
desenvolvimentos. Aqui fica um apelo! Seja filiado numa associação
local, regional ou nacional, confederada na IARU.
São as seguintes as organizações que deverá contactar:
Nos Estados Unidos da América do Norte:
AMSAT
850 Sligo Ave. Suite 600
Silver Spring, MD 20910
USA
Na Internet http://www.amsat.org
Em Portugal:
AMSAT-CT: www.amrad.pt
AMSAT-PO: www.radioamadores.net
Livrarias ou Editoras Técnicas:
- The Satellite Experimenters Handbook (ARRL)
- The ARRL Satellite Antology (ARRL)
- Having Fun Getting Started on the Oscar and Weather Satellites! (R. Myers Communications)
- The AMSAT Journal (AMSAT)
- Oscar Satellite Report (R. Myers Communications)
- Satellite Operator (R. Myers Communications)
- CQ Radio Amateur
- QST, World Radio (ARRL)
- Practical Wireless
- 73 Amateur Radio
A AMSAT deseja agradecer a cooperação da AMSAT-CT, pela edição deste artigo em português.
Nota: Fonte:
http://www.amsat.org/